A Característica de uma Matriz


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O conceito de “característica” se aplica a matrizes quaisquer, quadradas ou não. A característica de uma matriz é um inteiro não-negativo que é sempre menor ou igual ao número de linhas e ao número de colunas. Isto é uma propriedade do conceito, nao uma definição. A definição comum em textos pré-universitários utiliza determinantes. A formulação é a seguinte.

Se © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é a matriz nula, dizemos que a característica de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é zero. Caso contrário, dizemos que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César tem característica © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César quando são satisfeitas as seguintes condições:

(1) Existe pelo pelos uma submatriz  © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César cujo determinante é diferente de zero.

(2) Toda submatriz quadrada de ordem superior a © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César tem determinante zero.

Um menor de uma matriz é o determinante de uma submatriz. Assim, © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César tem característica © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César quando possui pelo menos um menor de ordem © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César não-nulo e todo menor de ordem superior é nulo. Vamos indicar a característica de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César por © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.

Para © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, podemos dizer que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é o maior inteiro não-negativo © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César tal que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César possui pelo menos uma submatriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César com determinante não-nulo. Evidentemente,

© Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

onde © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é o número de linhas de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César e © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é o número de colunas.

Exemplo 4

Suponha que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é quadrada de ordem © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Então

© Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

De fato, se © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, então deve existir uma submatriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César com determinante não-nulo. Mas a única submatriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é ela própria. Assim, © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. O raciocínio inverso é igualmente fácil.


Observe que o cálculo da característica por meio da definição acima pode ser algo laborioso. Dada uma matriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, a fim de nos certificarmos de que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César devemos, em princípio, extrair de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César todas as suas submatrizes quadradas de ordem © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César ou superior e testar se o determinante de alguma delas é zero ou não. Um método muito mais eficiente consiste em escalonar a matriz, isto é, reduzi-la a uma forma “em escada” mediante operações elementares de linha. Como nossa discussão teve início com os determinantes da Regra de Cramer, não discutiremos aqui o cálculo da característica por esse método.

Embora a definição de característica em termos de determinantes seja pouco prática, cabe dizer que, em estudos matemáticos mais avançados (cf. referência [3]) , a formação de menores (determinantes de submatrizes) tem uma certa importância (além do seu uso no clássico “Teorema Geral de Laplace”; veja a referência [1]). Podemos imaginar todas as submatrizes © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César dispostas num quadro com linhas e colunas segundo uma ordem natural (a ser exemplificada adiante). Se tomarmos os determinantes dessas submatrizes assim arranjadas e os colocarmos numa outra matriz, teremos formado a chamada © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César-ésima potência exterior da matriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Essa matriz dos determinantes de todas as submatrizes © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César (isto é, dos menores de ordem © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César) é denotada por © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.

Em geral, © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é uma matriz enorme, com © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César linhas e © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César colunas. Para o caso em que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, convém definir

© Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

que é a matriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César cujo elemento é o número 1.

Com o conceito de potência exterior, a característica de uma matriz pode ser definida assim:

© Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

Exemplo 5

Para uma matriz genérica © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

© Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

a matriz formada pelos determinantes de todas as suas submatrizes © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, dispostos em ordem natural, é

segunda potência exterior

Se pelo menos um desses determinantes for não-nulo, isto é, se © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César for diferente da matriz nula, então a característica de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César será no mínimo © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Neste caso, para que a característica seja exatamente 2, a matriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

terceira potência exterior

deve ser nula, isto é, © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.

Exemplo 6

Para a matriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César do contra-exemplo da condição (T2), devemos ter © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, já que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Mas

© Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

Portanto, © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.


Exercício 3

Mostre que para toda matriz quadrada © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César de ordem © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, tem-se

© Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César

Exercício 4

Para uma matriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, prove as seguintes implicações a partir das definições dadas até o momento:

(1) Se © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, então © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.

(2) Se © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, então © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.

Exercício 5

Sejam © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César e © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César matrizes © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César e © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, respectivamente. Forme a matriz © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, de dimensões © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César, pelo acréscimo de uma coluna formada pelos elementos de © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Mostre que

n-ésima potência exterior da matriz aumentada

onde © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César são os determinantes de Cramer relativos ao sistema © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Observe que © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César aparece multiplicado por © Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.


Finalmente, informamos que um outro termo usado em vez de “característica” é “posto”. Você ouvirá falar do posto de uma matriz se cursar uma disciplina como Álgebra Linear na universidade.


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© Carlos César de Araújo, 12 de abril de 2002 - cca@gregosetroianos.mat.br