Algarismos na base b (Parte I)
Carlos César de Araújo

Matemática para Gregos & Troianos

Para a maioria das pessoas, “números” são numerais na base 10. Agora, basta um pouco de reflexão para se convencer de que os números com © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César algarismos são os que vão de © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César (com © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César zeros) a © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César (© 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César noves).

Esse fato tão familiar continua verdadeiro quando usamos numerais numa base © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César diferente de 10. Nessa direção, o seguinte resultado foi provado no Capítulo VII do CD Números (link Exemplos Adicionais e Problemas Resolvidos 1-7, Exemplo 6):

Proposição 1. Sejam © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César números naturais, com © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César. Se © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César possui © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César algarismos quando escrito na base © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César, então © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César.

Vale também a recíproca:

Proposição 2. Sejam © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César números naturais, com © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César. Se © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César, então © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César possui © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César algarismos quando escrito na base © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César.

No CD Números, a Proposição 2 foi deixada como exercício, para o qual oferecemos a seguinte sugestão: “Tente provar isto efetuando divisões em escada de © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César por © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César”. Alguns leitores nos escreveram dizendo que não conseguiram uma demonstração “convincente”. Vejamos onde residem as dificuldades.

Estamos afirmando que se © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César, então, após © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César divisões em escada por © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César

© 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César

teremos a seguinte representação de © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César como um polinômio em © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César de grau © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César (isto é, © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César)

© 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César

onde os coeficientes © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César, por serem restos de divisões por © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César, pertencem ao conjunto © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César. As dúvidas são:

• Como podemos ter certeza de tudo isso sabendo apenas que © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César?
• Como podemos provar que serão necessárias exatamente © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César divisões por © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César?
• Existe uma “fórmula geral” para os algarismos © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César em função de © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César e © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César?

Neste artigo, esperamos esclarecer essas e outras questões utilizando resultados dos capítulos XIX e XX do CD Números. Apresentaremos uma demonstração da Proposição 2 em duas versões, que diferem entre si no fato de a primeira ser mais verbosa e heurística do que a segunda. O argumento é basicamente o que se encontra nos textos tradicionais, mas com uma possível novidade: a representação posicional é derivada numa forma explícita em termos da função piso. Na Parte II usaremos a mesma técnica para discutir a representação posicional de números reais. Na Parte III — e retomando um tema já discutido no CD Números, mas sob uma nova luz — veremos o que acontece quando a base é negativa.

Carlos César de Araújo, 15 de abril de 2006, 14:41:33

Demonstração I

Demonstração II

Unicidade